Histórias de sucesso #117: Tales Novaes Francis Dicler - Aprovado nos concursos de Juiz Substituto do TJSP e do TJPR

01 - Concurso(s) para magistratura qual(is) foi aprovado:

R: TJSP e TJPR (2019)

 

02 - Outros concursos em que foi aprovado:

R: Analista do MPSP (2019).

 

03 - Período de estudos até a primeira aprovação em concursos de magistratura:

R: 4 anos. Eu me formei em dezembro de 2015 e fui aprovado em novembro de 2019.

 

04 - Trabalhou durante os estudos? Cargo?

R: Atuei como advogado nos 4 anos, porém sempre me dediquei primordialmente aos estudos, sobretudo no último ano.

 

05 - Tempo médio de estudos diário (horas líquidas):

R: Entre 4 e 5 horas durante a preparação para a primeira fase. Nas semanas que antecederam as provas aumentei para 6 ou 7 horas e assim mantive para as fases seguintes.

 

06 - Quantas matérias diferentes lia por dia? E em uma semana?

R: Geralmente 2 matérias por dia. Ao longo da semana estudava as 8 matérias mais cobradas (Constitucional, Administrativo, Penal, Processo Penal, Civil, Processo Civil, Tributário e Empresarial) e ao menos uma das demais (ECA, Consumidor, Eleitoral e Ambiental).

 

07 - Estudava sábados/domingos/feriados?

R: Aos sábados sim, embora não com muita regularidade, já aos domingos e feriados dificilmente estudava, apenas às vésperas das provas.

 

08 - Utiliza grupos de facebook/whatsapp para estudar? Acredita que valha a pena?

R: Utilizei apenas para segunda fase e prova oral. Nesses casos acho que vale muito a pena pois o tempo é curto e é importante fazer a pesquisa da banca e discutir alguns temas pontuais que os examinadores possam ter interesse. Para a primeira fase nunca utilizei, mas porque não conhecia mesmo, acho que dependendo do grupo pode ser útil.

 

09 - Fazia resumos/cadernos ou utilizava algum feito por outras pessoas?

R: Sempre gostei de fazer meu próprio material. Quando comecei a estudar fui montando meus cadernos com anotações de aulas que assistia e resumos de capítulos de livros. Ao longo dos anos fui acrescentando julgados importantes, questões que caíram em outros concursos e alguns trechos de materiais que encontrava na internet e achava interessante.

 

10 - Fazia revisões do estudo nos moldes propostos por coachings (24h, 48h, 7 dias etc)? Com qual frequência?

R: Nunca fiz.

 

11 - Com qual frequência fazia exercícios para prova objetiva?

R: Sempre gostei de fazer exercícios, tentava fazer todo dia pelo menos 10 ou 20 questões sobre os temas que iria estudar para saber como as bancas estavam abordando aquele assunto e direcionar o estudo. Nas semanas anteriores à prova comecei a fazer muitas questões, entre 80 e 100 por dia.

 

12 - Com qual frequência lia “lei seca”?

R: Nunca me programei para ler lei seca de maneira sistematizada, lia ao longo do estudo da matéria quando julgava importante. Apenas em algumas matérias específicas como Direito Civil e Processo Civil, em que as provas costumam cobrar a letra da lei, é que parava para ler apenas o código.

 

13 - Com qual frequência lia jurisprudência? Lia diretamente dos sites dos Tribunais Superiores ou através de outros sites (como dizer o direito ou EBEJI)?

R: Sempre, acompanhava o Dizer o Direito todo dia e a cada julgado importante eu atualizava o meu caderno. Também assinei o buscador para toda vez que fosse estudar uma matéria procurar se havia alguma novidade.

 

14 - Indicaria algum curso online com foco em magistratura/carreiras jurídicas?  Indicaria algum curso de oratória para a fase oral?

R: Para quem dispõe de um tempo razoável e quer criar uma base eu indico o Vipjus, foi ao longo dele que eu fui criando o meu próprio material, que fui atualizando posteriormente. Na segunda fase, acho importante fazer um curso de sentenças, caso nunca tenha feito, ou, se já possui um pouco mais de experiência, os simulados com correção, recomendo o Magistratura Estadual em Foco e o Justutor.

Para a fase oral eu fiz com a Elaine Oliveira e o curso Retórica do professor Júlio César de Almeida, são propostas distintas e gostei dos dois, recomendo bastante.

 

15 - Indica algum método diferenciado de estudos para alguma das fases (objetiva/discursiva/sentenças/oral)?

R: Isso é muito pessoal, cada um se adapta melhor a um método de estudos. O que funcionou para mim foi criar meu próprio material e ir trabalhando com isso ao longo de todas as fases.

No início eu resumia os principais pontos da doutrina e ao longo do tempo fui acrescentando jurisprudência, questões de outros concursos, fazendo tabelas, gráficos, tudo que me ajudasse a fixar o conteúdo, mas sempre trabalhando o meu próprio material. Quando terminei de fazer isso com todas as matérias fui revisando e sempre atualizando o material, ao chegar na reta final da primeira fase fazia uma leitura dinâmica dos cadernos e intensificava bastante o número de questões por dia. Além disso, mesmo antes de completar os 3 anos de prática eu já fazia algumas provas para verificar quais eram meus pontos fracos, após as provas eu costumava anotar que tipo de questão eu mais errava, quais assuntos eu tinha mais dificuldade. Por exemplo, após algumas provas eu percebi que tinha um rendimento baixo em temas que costumavam ser estudados “ao fim” de cada matéria, como recursos em Processo Civil ou sucessões em Direito Civil, provavelmente porque sempre estudava tais assuntos no fim do ano, quando já estava mais cansado. Então, em uma das revisões que fiz coloquei essas matérias no início. Também percebi que estava errando em questões que cobravam jurisprudência e passei ler mais os informativos. Acho interessante fazer esse tipo de análise das provas realizadas para poder corrigir eventuais deficiências no estudo.

Para a segunda fase eu já havia estudado um pouco através dos simulados de questões e sentenças do Vipjus, já que, embora no início o foco esteja nas questões objetivas, acho importante ir se preparando para as fases seguintes pois o tempo entre uma fase e outra é muito curto. Assim, quando fui aprovado na primeira etapa, foquei em simulados com correções e na leitura de materiais com jurisprudência atualizada e modelos de sentenças. Os simulados são fundamentais já que as provas de segunda fase costumam ser extensas e o tempo curto, então os treinos fazem com que algumas coisas se tornem automáticas e que o candidato crie um roteiro próprio, dessa maneira a prova flui melhor. Como não há tempo de fazer simulados para todos os tipos de sentenças, é bom ao menos ler diversas decisões. Os livros de prática costumam vir com diversos modelos.

Por fim, na fase oral, fiz os cursos que mencionei acima e muitos treinos com outros candidatos. Acho importante fazer o máximo de treinos possíveis, principalmente com desconhecidos. No início eu ficava muito tímido, mesmo treinando com amigos, e ao longo do tempo fui melhorando, isso ajudou bastante. Em relação ao conteúdo, acho importante revisar os temas de preferência dos examinadores, tanto na segunda como na terceira fase, preferencialmente no material com o qual já está acostumado.

 

16 - Estudava a banca/examinadores responsável pela elaboração das provas da segunda fase em diante?

R: Sim, para mim foi muito muito positivo esse estudo. Os candidatos costumam criar grupos e fazer uma divisão de tarefas para buscar informações sobre as obras e julgados dos examinadores. Ainda que não seja possível prever o que será cobrado, ao conhecer os temas que mais interessam aos examinadores é possível reduzir a quantidade de matéria a ser estudada com profundidade e também conhecer a forma de pensar de cada um deles, o que é muito útil no momento de fundamentar uma questão ou uma decisão na sentença.

 

17 - Se o tribunal é responsável pela elaboração das sentenças e tem um posicionamento diverso do pacificado nos Tribunais Superiores, adotaria qual posicionamento?

R: Se o entendimento dos Tribunais Superiores for sumulado ficaria com ele, caso contrário ficaria com o entendimento do tribunal. De qualquer maneira acredito que o mais importante seja expor a divergência com os fundamentos de cada entendimento e os motivos que te levaram a adotar um deles. Nas provas de segunda fase que fiz percebi que os examinadores consideram muito a fundamentação, ainda que a decisão seja diferente da resposta esperada. Por exemplo, em um caso onde havia uma dúvida se determinado furto foi tentado ou consumado, eu tentei explicar o entendimento do STJ em relação ao tema e busquei demonstrar o porquê, naquele caso em concreto, entendia pelo furto tentado. Acho que é muito importante sempre tentar demonstrar ao examinador quais parâmetros você utilizou para tomar determinada decisão.

 

Recado para aqueles que ainda estão em busca da aprovação:

 

R: Primeiro gostaria de lembrar que o estudo para concurso público é muito pessoal e nem sempre o que funcionou para mim será o melhor para outra pessoa, o ideal é conhecer várias formas de estudo e testá-las até encontrar o que melhor se adapte às suas características.

Ainda sobre isso, é muito comum durante o período de estudos a comparação entre os nossos resultados e o de outras pessoas, como se houvesse um “jeito certo” de estudar ou como se o concurso fosse uma medida exata de inteligência, dedicação ou capacidade profissional, e nada disso é verdade, ainda mais em um país tão marcado pelas desigualdades como o nosso. Cada pessoa possui sua trajetória, com dificuldades, obstáculos e características diferentes. Além disso, algumas pessoas têm muita dificuldade na primeira fase, mas quando vão pra segunda fase logo são aprovadas, outros tiram notas altas na prova objetiva, porém tem mais dificuldade com as questões dissertativas, isso é normal. Por isso entendo que é fundamental conhecer e respeitar seus próprios limites e sua própria evolução.

Lembro também que o caminho até a aprovação é muito longo, então é natural que ocorram oscilações, tanto na rotina de estudos como nos resultados. É impossível manter o mesmo ritmo do início até o fim, por isso eu costumava ir mais devagar no começo e aumentava as horas de estudo conforme as provas se aproximavam. Quanto aos resultados, desde o início eu prestei algumas provas para treinar, em 2016  e 2017 eu sentia alguma evolução, mas ainda ficava longe da nota de corte. Já em 2018 prestei TJCE e fiquei muito próximo, foi a primeira vez que eu fiquei no “quase”, por isso imaginei que na prova seguinte conseguiria ser aprovado, mas pouco depois prestei TJMG e fiquei novamente distante. Claro que bateu um desanimo, porém continuei estudando e foi justamente nas provas seguintes (TJMT e TJSP) que eu fui aprovado e depois disso tudo aconteceu mais rápido. Então é importante ter essa noção de que a evolução nem sempre é linear ou constante.

Por fim, eu me coloco a disposição de qualquer um para tirar eventuais dúvidas que possam surgir, agradeço ao Leopoldo pelo espaço e desejo muita sorte para todos os que estão no caminho da aprovação. Grande abraço!

 

                                               BIBLIOGRAFIA

 

Quais livros/autores ou cursos/cadernos indicaria para os estudos nas matérias abaixo (se possível, especificar o professor de cada matéria nos cadernos/cursos): Esses foram os livros que mais utilizei para montar meus cadernos. Ao longo dos estudos também utilizei outros, mas para pontos mais específicos em que sentia a necessidade de uma profundidade maior em determinado tema.

Direito Administrativo – Direito Administrativo Descomplicado (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo)

Direito Ambiental – Direito Ambiental (Frederico Amado)

Direito Civil – Direito Civil – Volume Único (Flávio Tartuce)

Direito Constitucional – Direito Constitucional. Teoria, História e Métodos de Trabalho (Cláudio Pereira de Souza Neto e Daniel Sarmento) e Curso de Direito Constitucional (Marcelo Novelino)

Direito do Consumidor – Interesses Difusos e Coletivos (Adriano Andrade, Cléber Masson e Landolfo Andrade)

Direito do Eleitoral – Direito Eleitoral (Jaime Barreiros Neto)

Direito Empresarial – Manual de Direito Comercial (Fábio Ulhoa Coelho)

Direito da Criança e do Adolescente – Direito da Criança e do Adolescente (Guilherme Freire de Melo Barros)

Direito Penal – Parte Geral – Direito Penal (Cleber Masson)

Direito Penal – Parte Especial do Código Penal – Direito Penal (Cleber Masson) e Código Penal Comentado (Guilherme de Souza Nucci)

Direito Penal – Legislação extravagante – Legislação Penal Especial (Victor Eduardo Rios Gonçalves)

Direito Processual Civil – Curso de Direito Processual Civil (Fredie Didier Jr) e Direito Processual Civil Esquematizado (Marcus Vinicius Rios Gonçalves)

Direito Processual Penal – Processo Penal (Norberto Avena) e Direito Processual Penal (Aury Lopes Jr.).

Direito Tributário – Direito Tributário (Ricardo Alexandre)

Humanística – Filosofia do Direito (Alysson Mascaro)

Sentença Cível – Curso de Sentença Cível (Fabrício Castagna Lunardi e Luiz Otávio Rezende)

Sentença Penal – Sentença Penal Condenatória (Ricardo Augusto Schmitt)

Qualquer livro/curso que indique para o concurso que não se encaixa nas matérias acima (ex: livro de discursiva da juspodivm que tem várias matérias, vade-mécum de jurisprudência etc) -

No momento não me recordo de algum outro livro específico para concursos, mas gostaria de indicar outras coisas.

Embora o tempo seja curto, acho muito interessante para quem está estudando acompanhar discussões atuais no meio jurídico, já que na segunda fase e na prova oral é comum que temas recentes e controversos sejam objeto de questionamento, e, nessas situações, é sempre bom conhecer o debate. Eu costumava fazer isso através de portais como o Jota, Migalhas, Conjur, e também de podcasts, principalmente o Salvo Melhor Juízo.

Os podcasts são muito bons para aproveitar um tempo que não seria utilizado para estudar, no meu caso eu ouvia enquanto praticava atividade física ou quando estava viajando. Os episódios do podcast costumam trazer debates sobre algum tema interessante e também o contexto histórico de certos institutos, o que pode ser valioso no momento de desenvolver uma resposta. Na segunda fase do TJPR, por exemplo, a dissertação de Direito Penal era sobre o conceito de autoria, participação e teorias adotadas pelo Código Penal. Por coincidência eu havia escutado, semanas antes da prova, um excelente episódio do Salvo Melhor Juízo sobre a Teoria do Domínio do Fato, e isso me ajudou bastante. Da mesma maneira, na prova oral do TJSP foram cobradas muitas questões sobre o histórico das constituições brasileiras, o que também é objeto de diversos episódios do podcast. Assim, acho que vale a pena utilizar esse tempo que seria “perdido” para ouvir os episódios e aprender um pouco mais de uma maneira diferente da qual estamos acostumados.