Histórias de sucesso #106: Hallana Duarte Miranda - Aprovada nos concursos de Juiz Substituto do TJSP e do TJCE
01 - Concurso(s) para magistratura qual(is) foi aprovado:
R: TJSP- 2019
02 - Outros concursos em que foi aprovado:
R: TJCE – 2019; TJMT-2019, fui aprovada para a oral, mas não fiz a inscrição definitiva.
03 - Período de estudos até a primeira aprovação em concursos de magistratura:
R: 2 anos e três meses (iniciei em abril de 2017) até o resultado no CE e 2 anos e 6 meses até a oral de SP outubro de 2019). Depois da oral de SP parei de estudar para me dar um descanso.
Importante ressaltar que em Novembro de 2016 eu tinha tentado iniciar os estudos, tentativa que durou um mês, mas não progredi, minha mãe teve um grave problema de saúde, o que só me permitiu voltar aos estudos no ano seguinte.
04 - Trabalhou durante os estudos? Cargo?
R: Durante um ano e quatro mês eu trabalhei 7 horas por dia (no cargo de Assistente de Juiz de Direito no TJPR) e estudei (de abril de 2017 até agosto de 2018). Depois disso passei a só estudar.
Minha escolha de apenas estudar, sem trabalhar, se deveu ao fato de que tenho uma filha pequena (hoje com 4 anos), o que me deixava absurdamente sobrecarregada para exercer as tarefas de forma concomitante. Na época que iniciei os estudos ela tinha 1 ano e meio e eu ainda a amamentava todas as noites, o que tornava a jornada muito cansativa.
05 - Tempo médio de estudos diário (horas líquidas):
R: Quando eu trabalhava e estudava eram 3 horas por dia. Mas caçava qualquer mínimo tempo livre para tentar aumenta-lo, lendo no ônibus, nas filas, acompanhando as notícias STF e STJ nos intervalos do trabalho. Sempre procurei “criar” tempo de estudo. Entre 2017/2018 eu fazia uma pós-graduação em Processo Penal dois dias por semana no período da noite e também usava esse tempo como forma de estudo, aproveitando ao máximo as aulas e procurando assimilar o máximo de conteúdo.
Depois que parei de trabalhar estudava entre 6 a 8 horas por dia. Mas na reta final para a oral de SP, esse ano, estudava por volta de 10 horas, intercaladas em todos os períodos que sobrava um tempo.
06 - Quantas matérias diferentes lia por dia? E em uma semana?
R: Quando eu estudava e trabalhava eram apenas duas, previamente combinadas em um cronograma que montei conforme minha rotina. Depois que passei a estudar de 6 a 8 eu dividia a semana de forma que pudesse mesclar as disciplinas. Minha concentração é alta em pequenos períodos de tempo e logo em seguida se dissipa. Tinha muita dificuldade em ler uma só matéria durante o dia. Dividia em pequenos blocos de 1 hora, 1 hora e meia.
Já na semana, quando estudava 3 horas por dia lia as grandes toda semana (Constitucional, Administrativo, Civil, CPC, Penal, CPP, Tributário e Empresarial) e as demais de 15 em 15 dias (Ambiental, Eleitoral, Eca e CDC). Quando passei a estudar o dia todo lia todas elas em uma semana, alternadamente.
07 - Estudava sábados/domingos/feriados?
R: Nos primeiros dois meses de estudo não, mas aí fui me habituando a ler os informativos no fim de semana e as matérias mais leves. No fim, todo sábado e domingo de manhã eram de estudo. Poucos feriados não estudei nesses 2 anos e meio.
08 - Utiliza grupos de facebook/whatsapp para estudar? Acredita que valha a pena?
R: Quando iniciei os estudos entrei em alguns apenas para me situar no mundo. Não conhecia muita gente que estudava e nem o mundo dos concursos. Depois saí e usei pouco o grupo de 2 fase do TJCE. Já para o TJSP usei muito os grupos, pois como temos de estudar a fundo os examinadores isso me ajudou a fazer um estudo mais direcionado e dinâmico.
09 - Fazia resumos/cadernos ou utilizava algum feito por outras pessoas?
R: Eu tinha consciência dos métodos de aprendizado que não funcionariam para mim. Fazer resumos escritos gastaria muito do pouco tempo que eu tinha e eu não assimilava escrevendo, apenas lendo e relendo. Nunca fiz os meus e nem usei de colegas. Apenas na oral do TJSP nos reunimos para fazer um resumo de pontos da oral, prática comum para auxiliar a revisão de algum material que não se tenha.
10 - Fazia revisões do estudo nos moldes propostos por coachings (24h, 48h, 7 dias etc)? Com qual frequência?
R: Não fiz. Me sugeriram, mas achava um método repetitivo. Gostava mais de me guiar pela minha intuição sobre a necessidade de revisão.
11 - Com qual frequência fazia exercícios para prova objetiva?
R: No primeiro ano de estudos todo dia. Depois que fui para a segunda fase do TJCE (agosto de 2018) passei a fazer outro tipo de estudos. Mas, nas vésperas do TJSP (novembro de 2018) eu passei 30 dias, os que antecederam a prova, fazendo 60 questões por dia em livros de questões. Por ser a nota do TJS muito alta, o corte muito alto, fiz um treino intenso, o que me possibilitou fazer 81 na primeira fase em que o corte ficou em 79.
12 - Com qual frequência lia “lei seca”?
R: No primeiro ano de estudos não lia. Fazia notas por volta de 10 pontos abaixo dos cortes e não entendia o motivo. Até que fiz uma consulta com o Leopoldo, esteee Leopoldo aquiii do Magistratura Estadual em Foco e ele me “revelou” que o que diferencia o candidato de primeira fase e de segunda é, em regra (existem exceções), a leitura de lei seca. Como eu me sentia a regra, haha, comecei a ler em Junho/Julho de 2018 todos os dias até a prova do TJCE.
É importante também salientar que sou negra e posso concorrer por cotas fazendo pontuação abaixo do corte da ampla. No entanto, como senti que a lei seca era um domínio necessário para todas as fases, comecei a ler as leis tronco (vide dicas magistratura estadual em foco a respeito, rs) repetidamente. Depois, nas vésperas do TJMT e TJSP comecei novamente a ler lei seca diariamente, 30 dias antes da prova do TJSP. No TJCE fiz abaixo do corte da ampla (74), mas dentro do corte das cotas (que ficou em 72). No TJMT E SP acima do corte da ampla (76 e 81). Saliento isso para que possa ficar claro para quem estuda quais variáveis influenciaram nas minhas escolhas. A transparência é importante para que quem estuda possa entender seu próprio caminho, já que não se trata de fórmula, mas de lidar com dificuldades e exigências pessoais. A distância dos cortes é o que norteia (e muito) o estudo de base.
13 - Com qual frequência lia jurisprudência? Lia diretamente dos sites dos Tribunais Superiores ou através de outros sites (como dizer o direito ou EBEJI)?
R: Todos os finais de semana pelo Dizer o Direito. Sempre que podia acompanhava as notícias nos sites dos Tribunais Superiores.
14 - Indicaria algum curso online com foco em magistratura/carreiras jurídicas? Indicaria algum curso de oratória para a fase oral?
R: Para a primeira fase não fiz cursos.
Para a segunda do TJCE usei as rodadas sem correção do Magistratura Estadual em Foco (absolutamente fiéis com a Banca Cespe), as quais uma amiga minha (agora Juiza no TJMG) corrigia. Sentença Cível era uma prática que eu já conhecia do trabalho. Sentença Penal aprendi com um livro de prática e com essa mesma amiga.
Aprendi Humanística estudando sozinha (matérias filosóficas são de gosto pessoal, o que facilitou), mas com ajuda e orientação de uma amiga (juíza do TJSP), que conhece profundamente a área. Para a oral fiz o Curso do Julio Cesar de Almeida, o qual indico de olhos fechados.
Para o TJSP, na segunda fase, fiz JUSTUTOR, um curso que envia rodadas de sentenças para treino. Não ensina os fundamentos básicos, mas ajuda a aprimorar. É acessível financeiramente e, na época, usei para o TMT também. Tem professores dedicados. Contratei o curso de Humanística do MEGE, mas não cheguei a acompanhar integralmente. As aulas eram extensas e eu acaba lendo apenas o que os colegas transcreviam do material. O Professor é incrível, tinha algumas aulas muito boas, mas hoje eu não contrataria novamente. Para oral, fiz novamente o Julio Cesar.
Para o TJMT não fiz nenhum curso, aproveitei os conhecimentos já consolidados.
Indico de olhos fechados: Julio Cesar e Magistratura Estadual em Foco.
15 - Indica algum método diferenciado de estudos para alguma das fases (objetiva/discursiva/sentenças/oral)?
R: Indico a autonomia para ser dono do próprio caminho nos estudos. Conhecer como se aprende (eu detestava vídeo aula e não produzia resumos) é uma consciência que nos ajuda a evoluir com respeito a nós. Na primeira fase é quase inevitável que se precise conhecer a lei seca. Indico que se encontre um método que faça isso ser produtivo, visto ser uma das fases mais difíceis de evoluir. Na segunda, é preciso praticar sentenças, escrita, cuidado com o tempo. E na oral, treinar com os colegas. Treinar com os colegas é custo 0, aprendizado máximo, e eficiência sem igual. Ajuda a evoluir, respeitar o outro, entender o examinador e compreender como ser melhor.
16 - Estudava a banca/examinadores responsável pela elaboração das provas da segunda fase em diante?
R: Apenas para o TJSP, a partir da segunda fase. Para esse Tribunal reputo ser indispensável!
17 - Se o tribunal é responsável pela elaboração das sentenças e tem um posicionamento diverso do pacificado nos Tribunais Superiores, adotaria qual posicionamento?
R: O posicionamento dos Tribunais Superiores. Havendo espaço e tempo, sempre ressalvando a existência de respeitáveis entendimentos diversos.
Recado para aqueles que ainda estão em busca da aprovação:
R: Disciplina, comprometimento e amor foram meus sustentáculos. É a disciplina que nos coloca em pé todo dia e nos leva a estudar lei seca, por exemplo, quando o sol brilha lá fora, os amigos estão se divertindo e nossos filhos querem nossa presença. Não se senta para estudar com motivação todos os dias, as horas e dias passam e duvidamos de que vamos um dia chegar ao fim. Mas a disciplina nos faz entender que são pequenos passos diários, pequenos tijolos, uns colocados com alegria (quando eu estudava direitos fundamentais, por exemplo), outros com dor (quando eu lia a lei de licitações e não entendia nada, rs). O comprometimento nos faz focados. É claro que é uma tarefa difícil, pois exige desenvolvimento de inúmeras capacidades técnicas e também emocionais. É preciso memorizar, escrever, ter constância, saber falar. Particularmente eu tinha uma rotina intensa (não em número de horas), mas buscava fazer o melhor que podia ser feito nas minhas condições. Dentro das minhas possibilidades fazia da vida uma vida de estudos, sempre tentando driblar o tempo e as atividades. No começo eu não tinha um espaço de estudos, estudava na mesa da cozinha. Depois eu tinha mesa, mas não tinha cadeira, usava a que tinha em casa. Fui construído meu espaço de estudos junto com o estudo em si. E não me vitimizava, prosseguia, confiava. Há estudantes com muitas condições? Há, mas certamente muitos deles podem também ter problemas diferentes dos meus. Muitos dias eu chorava, parava no meio do estudo para chorar, fazendo uma prece para que pudesse me manter firme. Eu chorava pensando que poderia nunca conseguir (meu sonho sempre foi TJSP). Enxugava as lágrimas e continuava. Alguns dias tinha dores intensas nas costas, nos joelhos. Levantava, dava uma volta na casa, voltava a sentar. Sempre olhando para o comprometimento. Pq eu estava comprometida? Eu amo a carreira da Magistratura por ter convivido com inúmeros Juízes. Nunca pensei em desistir, sempre me lembrava da maravilhosa sensação de entregar algo pronto, de ouvir uma parte, atende um advogado, ensinar um estagiário, tocar na vida das pessoas, que também nos tocam com suas histórias. Técnica e Humanidade. E o amor me fez fazer isso com a máxima dedicação que pude empregar, fazendo concessões, flexões, conhecendo pessoas, pedindo ajuda (pedi muita ajuda para quem eu reputava mais preparado do que eu) ajudando. Não é um embate, não se está contra ninguém. Se compete conosco e com o melhor que podemos ser. O grande destino é a própria caminhada. Se aprende a ser humilde, resiliente, forte, chorar e levantar, dar as mãos quando necessário. De todas essas coisas, meu recado é que se deve ser grato e humilde, confiar no seu sonho, chorar quando necessário, mas em seguida levantar. Sentir medo e enfrentá-lo, conhecer nossas limitações. O estudo é um caminho de autoconhecimento. Valorize-o. Desejo, por fim, que todos vocês tenham força e fé, que confiem em si.
BIBLIOGRAFIA
Quais livros/autores ou cursos/cadernos indicaria para os estudos nas matérias abaixo (se possível, especificar o professor de cada matéria nos cadernos/cursos):
Direito Administrativo – Sinopse JusPodivm e usei o capítulo de Licitações do Matheus de Carvalho.
Direito Ambiental – Sinopse Juspodivm
Direito Civil – Usei a Sinopse Juspodvim para a Parte Geral, Obrigações e Sucessões. Nos demais volumes não consegui ler, já estava avançando em outras fases e as sinopses eram imensas. No TJCE usei o resumo do Leopoldo (grátis no site dele) e no TJSP o resumo de pontos do grupo. Importante dizer que era uma matéria que eu tinha relativa facilidade por trabalhar muito com ela e ter uma excelente base da faculdade, o que me permitiu fazer essas escolhas.
Direito Constitucional – Sinopse da JusPodivm (2 volumes) e Capítulo do Sarmento de História das Constituições (exigida expressamente no edital do TJSP).
Direito do Consumidor – Leis especiais para concursos - Juspodivm
Direito do Eleitoral – Sinopse Juspodivm
Direito Empresarial – Sinopse Juspodivm (mas hoje indicaria também o André Santa Cruz que vim a conhecer só depois de já ter avançado nos estudos)
Direito da Criança e do Adolescente – Sinopse Juspodivm
Direito Penal – Parte Geral – Sinopse Juspodivm
Direito Penal – Parte Especial do Código Penal – Sinopse Juspodivm
Direito Penal – Legislação extravagante - Gabriel Gabib (mas hoje indicaria lei seca e Vade Mecum de Jurisprudência do Dizer o Direito).
Direito Processual Civil – Não usei Manuais, não consegui me adaptar a nenhum deles. Lia um ou dois capítulos e abandonava, não conseguia reler. Mas eu tinha uma bagagem nessa matéria por ter lido clássicos durante a faculdade, gostar muito e trabalhar com ela diariamente. Lia a lei seca, enunciados de jornadas e informativos sobre o NCPC, além de súmulas ainda vigentes. Para o TJSP li muito as obras do examinador nessa matéria, pois se trata de um professor, pesquisador, com inúmeros livros publicados.
Direito Processual Penal – Sinopses da JusPodivm
Direito Tributário – Sinopse da Juspodivm + Direito Tributário do Ricardo Alexandre em Tributos em Espécie.
Humanística – Noções Gerais de Direito e Formação Humanística – João Paulo Lordelo; Filosofia e Sociologia do Direito – Alysson Mascaro.
Sentença Cível – Usei os conhecimentos prévios do trabalho (sempre com cuidado, pois sentença de concurso é diferente de sentença do dia a dia). Ainda assim, indico o Curso de Sentença Cível do Fabrício Lunardi e Luiz Otávio Resende.
Sentença Penal – Curso de Sentença Penal do Fabrício Lunardi e Luiz Otávio Resende – Livro Excelente, o qual li 2 vezes, sempre consultando quando tive dúvidas.
Qualquer livro/curso que indique para o concurso que não se encaixa nas matérias acima (ex: livro de discursiva da juspodivm que tem várias matérias, vade-mécum de jurisprudência etc) – Vade Mecum de Jurisprudência do Dizer o Direito; Indico um clássico chamado: Como Passar em Provas e Concurso Públicos, do professor Willian Douglas. Apesar de muito antigo, ele indica e escreve sobre posturas que se deve adotar quando se propõe a estudar. Usei para entender como dividir meu tempo e para entender qual objetivo eu ia perseguir. Li esse livro em 2015/2016, bem antes de começar a estudar. Não li todo, mas os primeiros capítulos me tiraram dúvidas que na época eu não podia tirar com outras pessoas.