Histórias de sucesso #102: Patrícia Reinert Lang - Aprovada nos concursos de Juiz Substituto do TJPR e do TJSC
01 - Concurso(s) para magistratura qual(is) foi aprovado:
R: TJPR e TJSC, ambos em 2019
02 - Outros concursos em que foi aprovado:
R: Nunca prestei outros, foco foi sempre magis estadual.
03 - Período de estudos até a primeira aprovação em concursos de magistratura:
R: 4 anos e 3 meses.
04 - Trabalhou durante os estudos? Cargo?
R: Sim. No início saí do trabalho como assessora no Tribunal e fiquei como juíza leiga por 1 ano e meio, trabalhando em média 1 dia e meio por semana. Após, retornei à assessoria em primeiro grau no juizado especial Cível, Criminal e da Fazenda Pública. Minha primeira “dica” (se é que tenho alguma legitimidade para isso) é: avalie seu perfil e a necessidade de parar de trabalhar. Honestamente, eu estudava muito menos quando tinha 6 dias disponíveis na semana, por possuir um perfil mais procrastinador. Quanto menos horas tinha, mais estudava. Além disso, o trabalho em assessoria contribui muito para a fase de sentenças e para diminuir a “solidão concurseira”, sem falar no período pós aprovação (gestão de gabinete, contato com áreas distintas, elaborações de decisões de ordens diversas, etc). Acho que 90% dos aprovados nessa primeira leva do TJPR trabalhavam e estudavam. Então, se você não pode ou não quer parar de trabalhar, não se culpe por isso.
05 - Tempo médio de estudos diário (horas líquidas):
R: No início eu era extremamente inconstante, meio 8 ou 80 (o que não recomendo). Nos últimos 2 anos, diria que uma média de 3 a 5 horas por dia, por vezes mais intensa e por vezes menos, a depender de provas/editais abertos. Um outro fator que percebi é que quanto mais próximo estava de alcançar êxito em primeira fase (minha maior dificuldade), mais estudava. Sempre usei o aplicativo “aprovado” para contagem de horas líquidas.
06 - Quantas matérias diferentes lia por dia? E em uma semana?
R: Em geral duas matérias por dia. Demorei para começar a estudar as matérias menores (eleitoral, ambiental e criança e adolescente), e acho que isso contribuiu também na demora para passar em primeira fase.
07 - Estudava sábados/domingos/feriados?
R: Sim. Mas, se me permite um adendo, sempre acreditei em estudo com equilíbrio. Nunca fui a pessoa que me matava de estudar mil horas por dia. No início dos estudos eventualmente marquei viagens (minha grande paixão) e, nos últimos dois anos, conforme fui melhorando o desempenho, fui dizendo mais “nãos”. Fiquei períodos sem estudar, tem dias que são muito difíceis. É preciso aprender a aceitar isso também. Tentei não abandonar todas as atividades que amava, continuei fazendo trabalho voluntário, indo ao centro espírita, almoçando com as amigas. Mas claro, em alguns momentos tive que sacrificar isso também, e especialmente antes das provas orais e perto das segundas fases parei com tudo, apagava o instagram... depois voltava!
08 - Utiliza grupos de facebook/whatsapp para estudar? Acredita que valha a pena?
R: Sim. Iniciei com um grupo com dois grandes amigos que me acompanharam desde o início, Larissa (aprovada nos mesmos concursos que eu) e Nelson. Depois fui conhecendo outras pessoas. A divisão de tarefas em eventual segunda fase, o compartilhamento de dúvidas e questões foi algo que sempre me ajudou muito. Mas, em especial, o apoio emocional de outras pessoas na mesma situação é incrível. Concurseiro entende concurseiro.
09 - Fazia resumos/cadernos ou utilizava algum feito por outras pessoas?
R: Fiz meus resumos todos com base no edital do TJPR (e não sei se recomendo, já que levei quase 2 anos para terminá-los). De outro vértice, ajudaram até na prova oral. Fazia também muitas tabelas (tenho até um “livro” – Direito em tabelas rsrs, se alguém quiser posso compartilhar) e arquivos de jurisprudência.
10 - Fazia revisões do estudo nos moldes propostos por coachings (24h, 48h, 7 dias etc)? Com qual frequência?
R: Não.
11 - Com qual frequência fazia exercícios para prova objetiva?
R: Dependia muito da fase, mas, antes de primeira fase, quase todo dia. Sempre paguei Qconcursos.
12 - Com qual frequência lia “lei seca”?
R: Esse foi outro equívoco meu. Eu resisti muito para começar a ler lei. Levei 3 anos e 8 meses para passar em primeira fase. Minha primeira segunda fase foi o TJPR, e a seguinte TJSC. Comecei a melhorar o desempenho em objetivas em 2018, justamente quando iniciei leitura de lei seca. Nesse ano, lia praticamente todo dia.
13 - Com qual frequência lia jurisprudência? Lia diretamente dos sites dos Tribunais Superiores ou através de outros sites (como dizer o direito ou EBEJI)?
R: Diria que uma vez na semana, pegava do DOD e fazia resumo próprio com as teses para eventual revisão.
14 - Indicaria algum curso online com foco em magistratura/carreiras jurídicas? Indicaria algum curso de oratória para a fase oral?
R: Para a prova oral, indico o curso Aurum, de juízes do TJPR. Fiz o presencial e online e recomendo de olhos fechados, são diferenciados. Comprei também o material de planejamento do Leopoldo (@magistraturaestadualemfoco) e recomendo, especialmente para os desorganizados e perdidos rsrs.
15 - Indica algum método diferenciado de estudos para alguma das fases (objetiva/discursiva/sentenças/oral)?
R: Os coachs que me perdoem, mas não acredito muito em métodos prontos. Nesses anos de estudo e conhecendo vários colegas, eu percebi que o melhor é seguir sua intuição e aquilo que se adequa a você. Há quem passe sem fazer material, ou estudando só por manuais; há quem nunca fez cursinho, e quem fez vários; quem estude sentado e quem estude deitado; quem estudava apenas lendo, apenas ouvindo, ou escrevendo tudo. Vejo que as vezes ficar preso ao método é que trava a pessoa, tudo isso é muito particular. Mas estudar lei para primeira fase e treinar com os colegas para prova oral são dicas de ouro, sempre.
16 - Estudava a banca/examinadores responsável pela elaboração das provas da segunda fase em diante?
R: Só fiz essas duas segundas fases. Para o Paraná não estudei muito a banca. Santa Catarina estudei mais, pelas particularidades daquele Tribunal. Uma coisa muito boa que eu fiz foi analisar questões anteriores de primeira fase. Como a CESPE fez essas duas provas, havia analisado as 6 provas anteriores de juiz e, como as matérias se repetem, acredito que auxiliou no êxito da primeira fase.
17 - Se o tribunal é responsável pela elaboração das sentenças e tem um posicionamento diverso do pacificado nos Tribunais Superiores, adotaria qual posicionamento?
R: Difícil dizer, depende muito do tema. Diria que do Tribunal próprio, ressalvando posicionamento da Corte Superior.
Recado para aqueles que ainda estão em busca da aprovação:
R: A maioria de depoimentos de aprovados que lia me deixavam para baixo. Sempre haverá alguém muito novo, que “aparentemente” estuda menos, ou menos tempo, ou para quem as coisas fluem mais fácil. Uma vez ouvi uma frase que me marcou, e sempre penso nela: “Não compare o seu bastidor com o palco de alguém”. Isso implica dizer que cada um tem a sua trajetória, mas, em sua grande maioria, ela é cheia de altos e baixos. Portanto, quando analisarmos o “palco” de alguém, é importante não esquecer que também há um bastidor ali que não sabemos, e sobre o qual é melhor não julgar.
Eu tentei sempre encarar os estudos – e qualquer outra fase da vida – com leveza. É algo necessário para um objetivo que traçamos, mas não é definitivamente o fim da vida ou o pior cenário que poderíamos encontrar. É importante agradecer sempre, por mais dolorosa que seja uma derrota. Reprovou? Agradeça também. Foi algum aprendizado necessário e que um dia te levará à sonhada aprovação. Passou para uma fase seguinte? Ao invés de reclamar que tem que estudar a banca, agradeça, há milhares de pessoas que queriam estar ali. Chegou na oral e está achando um saco fazer inscrição definitiva? Agradeça também, finalmente a última fase que tanto sonhou. As coisas terão o peso que damos a ela.
Por derradeiro, reforço que para passar em concurso não é preciso ser gênio; posso ver, de diversos colegas aprovados, que a isto basta constância. Métodos, pessoas, histórias distintas, todos com um denominador comum: a constância de estudar dia após dia, aceitar momentos bons e ruins e, especialmente, continuar após uma dolorida reprovação. Aceitar que não somos perfeitos, que erramos, que somos humanos e que muitos dias a gente quer tudo menos estudar. Está tudo bem também.
Acredite: um dia, de uma hora para outra, todo seu esforço vai ser devolvido, e você estará exatamente onde tem que estar, no concurso e Estado que tem que ser. Não quero diminuir ou romantizar o sofrimento de ninguém, pois cada um sabe o que é seu. Meu ponto é: é possível curtir essa trajetória, pois cada momento, desde o estudo à sonhada aprovação, é importante. Passar em concurso é um momento feliz, mas não é uma linha final a trazer a sua felicidade. Não acaba aqui. É possível encontrar felicidade em cada uma das etapas. É o que desejo a todos vocês: uma caminhada leve. Boa sorte a todos!
BIBLIOGRAFIA
Quais livros/autores ou cursos/cadernos indicaria para os estudos nas matérias abaixo (se possível, especificar o professor de cada matéria nos cadernos/cursos):
Direito Administrativo – Alexandre Mazza.
Direito Ambiental – Frederico Amado.
Direito Civil – Tartuce.
Direito Constitucional – Novelino, Bernardo Gonçalves.
Direito do Consumidor – x
Direito do Eleitoral – x
Direito Empresarial – André Cruz
Direito da Criança e do Adolescente – x
Direito Penal – Parte Geral – x
Direito Penal – Parte Especial do Código Penal – x
Direito Penal – Legislação extravagante - x
Direito Processual Civil – Marinoni/Arenhart
Direito Processual Penal – x
Direito Tributário – Ricardo Alexandre
Humanística – x
Sentença Cível – x
Sentença Penal – x
Qualquer livro/curso que indique para o concurso que não se encaixa nas matérias acima (ex: livro de discursiva da juspodivm que tem várias matérias, vade-mécum de jurisprudência etc) -