Histórias de sucesso #95: Karla Neves Guimarães da Costa Aranha - Aprovada no concurso de Juiz Substituto do TJCE
01 - Concurso(s) para magistratura qual(is) foi aprovado:
R: TJCE
02 - Outros concursos em que foi aprovado:
R: Iniciei nos concursos em 2004, pelos bancos públicos. Primeiro foi o Banco do Nordeste, depois a Caixa Econômica. Aprovada em ambos, optei pela CEF. Quando saiu o concurso de servidores do TRE-RN, em fevereiro de 2005, foi o primeiro contato que tive com a área de direito e, confesso, me apaixonei. Naquele momento, decidi que aquilo era o que eu queria (acreditem: eu tinha prazer em ler lei seca! Rs). Consegui ser aprovada e, em março/2006, tomei posse no cargo que ocupo até hoje, em Natal/RN.
03 - Período de estudos até a primeira aprovação em concursos de magistratura:
R: Para responder essa pergunta, é importante dizer o momento em que resolvi que queria ser magistrada. Em 2006, já no TRE, resolvi que seria juíza (sentimento pessoal motivado “deussabeporquê”). Mas tinha um problema: não era bacharel em direito (sou publicitária, como primeira formação). Além disso, essa decisão não poderia ser individual, mas sim um projeto de vida compartilhado com minha família: meu marido e minha filha, que, na época, tinha 4 anos de idade. Conversamos, planejamos, decidimos e, em 2009, consegui dar o pontapé inicial ao projeto, iniciando o curso, concluído em 2013.
Procurei cursar essa minha segunda graduação o melhor que podia. Foi um período desgastante, porque trabalhava, estudava, minha filha ainda era pequena e precisava da minha atenção constante, morava praticamente sozinha noutro Estado (minha família inteira é da Paraíba) e meu marido passou um tempo trabalhando em outra cidade (Guarabira - PB), passando a semana fora. Às vezes tinha a sensação de que poderia fazer mais, e me frustrava..., mas hoje, analisando a coisa sob à ótica do malabarismo das esferas da vida (pessoal, profissional, familiar etc.), tenho a consciência de que fiz o melhor que pude.
Com uma parada estratégica, o ano de 2014 foi sabático para mim. Tirei um tempo para me organizar, dar mais atenção a Meline (um aparte: Meu Deus, não sei o que fiz para merecer a família que tenho!... Meline sempre foi minha companhia de vida. Foi quem esteve sempre, sempre, ao meu lado. E, mesmo criança, entendia quando eu não podia ir ao cinema - que ela sempre amou - ou a qualquer outro lugar. Diante das negativas, me perguntava: “mãe, quando tu ‘puder’, a gente vai, né?”. Meu marido, Wlamir, sempre foi meu maior amigo, companheiro e incentivador. Acho que ele foi a primeira pessoa que nunca duvidou que esse dia chegaria, antes mesmo que eu...). Aprendi também, desde a época do concurso do TRE, a estudar no mesmo ambiente em que os “cubinhos”, “pink dink doo”, Dora Aventureira e toda a gama de personagens do “Discovery Kids” cantarolavam... certeza que isso desenvolveu em mim uma “escuta seletiva” e facilitou a jornada.
Em 2015, o mundo dos concursos já não era mais o mesmo. Quase não se ouvia mais falar no famoso fórum do “CorreioWeb”, que tanto me ajudou na época do TRE e dos bancos, mas ele ainda me serviu, para entrar em grupos de WhatsApp direcionados para o cargo de magistratura, o único então pretendido. A escolha pela magistratura federal foi para facilitar a vida pessoal, já que me permitiria permutas futuras, e ainda considerando a afinidade com algumas matérias da área. Magistratura estadual, por sua vez, estaria restrita a Estados que tivessem Banco do Nordeste (não expliquei isso, mas tínhamos, eu e Wlamir, um “tratado de Tordesilhas”, que deveria ser respeitado, porque ele é concursado do BNB e não poderia ser removido para qualquer local). Outro aparte: o fato de ter conseguido passar no TJCE me deixou ainda mais feliz porque sei que, do ponto de vista profissional, o Ceará é o melhor Estado para meu marido e tomar posse lá resolve a vida de todos!
Busquei um curso preparatório para formar uma base sólida e me inscrevi na ESMAFE-RS (Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul – ensino à distância), com excelentes professores. A data de 10/03/2015, meu primeiro dia de aula no retorno, foi o marco inicial, e eu dei início, oficialmente, à maratona.
Desde logo, me inscrevi para provas. Ainda em março/2015, fiz o TRF5 (39 pontos na objetiva!). Em junho/2015, fiz TRF1 (63 pontos, subi consideravelmente... rs). Em julho veio o TJPB e a minha primeira grande alegria: consegui passar no ponto de corte e fui rumo à minha primeira subjetiva. Passei na discursiva e na sentença penal, mas reprovei na sentença cível com 1,37 (concurseira iniciante, fiz uma escolha ousada e inexperiente: acolhi uma prejudicial de mérito de prescrição e extingui a ação...). Chorei muito e fui fazer a sentença penal no domingo já certa que tinha sido reprovada na cível. Mesmo assim encarei como se estivesse valendo e ainda consegui passar na minha primeira sentença penal com 6,28.
Daí em diante foram várias reprovações: TJAL, TJSE, TJBA, TRF2, TRF3, TRF4, TRF5 (novamente), provas objetivas, sentenças penais, sentenças cíveis, discursivas, etc. o sentimento era o mesmo: tirava o dia para chorar (e eu choro mesmo... rsrsrsrs), no outro o lema era “reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima.” No fundo, eu sabia que seriam muitas reprovações, mas também sabia que precisava daquilo para crescer e amadurecer e, na realidade, elas só me fizeram mais forte. Algumas foram doídas, não posso negar. A segunda do TRF5, em junho de 2018 – na discursiva – foi especialmente doída, porque além de querer muito ficar no Nordeste, tinha me dedicado à exaustão ao concurso e a prova não teve espelho de correção, o que me impediu até mesmo de analisar meus erros e construir uma estratégia melhor para o próximo concurso).
04 - Trabalhou durante os estudos? Cargo?
R: Como disse, trabalho desde 2006 no TRE-RN. Como servidora pública (técnica judiciária – área administrativa), tinha uma vida profissional confortável, pois meu expediente é de 6 horas em anos não eleitorais e, no mínimo, 8 horas quando chega o período eleitoral. Trabalhar e estudar, de fato, pode dificultar um pouco as coisas, mas sempre achei que se você consegue dividir bem os espaços, não terá grandes problemas. Encaro as atividades do trabalho como “do trabalho” e ficam sempre lá quando saio. Depois do expediente, giro o leme para as outras atividades cotidianas (família, casa, atividade física etc.)
Em épocas de eleição, especialmente, as coisas ficam bemmmm complicadas, porque a carga de trabalho aumenta consideravelmente, mas é possível compensar antes e depois desse período.
A eleição de 2018 foi, particularmente, bem complexa. Fiz a segunda fase do concurso do Ceará no “olho do furacão” da época de registro de candidaturas e nem de longe consegui fazer o que gostaria para a minha preparação. Fiz ainda a primeira fase do TRF2 às vésperas da eleição. Tive êxito em todas as provas (discursivas e sentenças do TJCE e objetiva do TRF2), mas, mesmo tendo um pouco de sorte, não posso deixar de reconhecer que houve um estudo acumulado que, muito provavelmente, foi o grande responsável pelos êxitos.
05 - Tempo médio de estudos diário (horas líquidas):
R: Quando estou trabalhando, render 6 horas por dia é motivo de extrema alegria! Mas sempre tento fazer isso. Tem dia que dá, tem dia que não. Na realidade, estabeleci 4 horas como um “mínimo existencial” e para bater esse marco faço milagre, mas faço. Meia hora aqui, meia hora ali, a coisa vai fechando. Estabeleci como rotina uma noite de sono de 6h. Vou dormir às 23h30 e acordo às 5h30. Tem dia que o sono bate e 20h da noite não aguento e vou dormir. Também nesse ponto, procuro um equilíbrio. Se o dia foi bom em termos de estudo, mas estou mais cansada, me permito dormir mais cedo. Acordar cedo não é um problema para mim (adoro acordar cedo – nem sempre foi assim! - e começar o dia correndo, mas às vezes não dá. Quando dá certo, o bem-estar do restante do dia é impagável!). Depois da prova oral do TJCE dei uma relaxada no sono, o suficiente para me dar mais gás para continuar, porque o objetivo é #soparonaposse. Então, estou voltando ao ritmo.
Quando o dia está muito apertado, baixo informativos no podcast do @dizerodireito e o carro vira local de revisão. Aliás, outro aparte, o “Dizer o Direito” é uma das poucas coisas que conheço na vida que posso dizer ser unanimidade. Gente... o professor Márcio vai para o céu direto, sem escala, tenho certeza. Só reitero aqui o que vejo em absolutamente todos os depoimentos: muitíssimo obrigada pela gentileza, dedicação, hombridade, simplicidade, altruísmo e todas as qualidades que não consegui aqui expressar.
Em época de férias do trabalho o rendimento sobe: 9 horas, no máximo. Não consigo fazer mais que isso. Até já fiz 10 horas (um dia ou outro), mas o cansaço mental é tão grande para mim no outro dia que não vale a pena. Assim, quando chego nas 9h fico bemmmm feliz e paro.
Outra coisa bem importante foi o aluguel de uma cabine para estudo (aqui em Natal ia para o Motiva - @espacomotiva e vou voltar assim que organizar meus horários que andam meio bagunçados esses dias). Aproveitava qualquer momento que estivesse na rua esperando minha filha para pegar ou deixar em algum lugar (faço Uber de filha adolescente também kkkkk) e ia para a cabine, isso me faz render o tempo do trânsito e qualquer minuto é importante.
06 - Quantas matérias diferentes lia por dia? E em uma semana?
R: Tenho um cronograma semanal (onde mesclo doutrina, lei seca, exercício, súmula e informativo), que tento respeitar ao máximo e coloco somente duas matérias por dia, mas rodo praticamente todas em uma semana. Sempre coloco uma mais pesada (tipo constitucional, processo penal etc.) e outra mais leve no mesmo dia (como consumidor, tributário etc.). Quanto tenho mais tempo até coloco uma terceira no dia se, por algum motivo, não fechei um assunto, por exemplo, mas não é a regra.
O planejamento semanal, embora me tome um pouco mais de tempo na elaboração, porque tenho que organizar semanalmente, me traz metas mais próximas da realidade, porque sei, a curto prazo, como será minha semana e como foi meu rendimento da semana anterior.
07 - Estudava sábados/domingos/feriados?
R: Estudo todos os dias, inclusive sábados, domingos e feriados. A depender do momento do cronograma, estudo menos tempo (4 horas no domingo, se não tiver edital). Se tiver prova marcada, todo dia é no modo máximo, até chegar no meu limite. Chegou no limite do cansaço acumulado, tiro um dia e não faço nada.
Sem edital, a coisa fica mais tranquila. Se quero ir numa praia ou cinema no domingo, vou, mas estudo à tarde ou à noite. Virar noite em festa é quase nunca.
Mais uma vez, o equilíbrio aqui é fundamental. Tenho que ter um tempo para minha família e esse tempinho tem que ter qualidade. Não adianta ficar meia hora conversando com meu marido e pensando no informativo que não entendi... se estou com eles, estou integralmente. Minha mãe às vezes reclama porque telefono pouco rsrsrsrs (ela mora em João Pessoa), mas até isso tem que ser regrado. Não dá para falar uma hora no telefone... rsrsrs Ligo, dou um beijo, pergunto se está tudo em ordem, faço um resumão do que importa e digo: owww mãe, mais tarde a gente conversa mais... hahahaha No fundo, tenho certeza que ela sabe que não é falta de amor ou saudade, mas só um período da vida mais difícil que preciso otimizar o tempo.
08 - Utiliza grupos de facebook/whatsapp para estudar? Acredita que valha a pena?
R: Já usei de WhatsApp, mas não uso mais. Em geral, esses grupos perdem muito o foco, o que reflete na má qualidade do uso do tempo. Desisti deles. Hoje tenho alguns grupos estratégicos de alguns concursos específicos e alguns que nunca se desfocam (como o #so dicas!! penal e pp) e grupos com grandes amigos que fiz durante minha trajetória (#soosdefe e #rancorosoraizedramatico).
09 - Fazia resumos/cadernos ou utilizava algum feito por outras pessoas?
R: Sou a “louca dos resumos”. Tenho resumo de quase tudo... rsrsrsrs Fiz resumo manual (em cadernos – acho que tenho mais de 20 cadernos), tenho resumo ponto a ponto do edital da magistratura federal (peguei o famoso “graal” e, lá pelo ponto 3 ou 4, percebi que poderia usá-lo como base para o meu próprio resumo. Aí fiz, imprimi, encadernei e tenho em 11 volumes).
Mas confesso que leio quase nada dos resumos que fiz, só os meus cadernos da ESMAFE (de algumas disciplinas) - que valem ouro! – e quando busco um ponto específico que sei que no resumo ficou muito bom (tipo, o ponto relativo a licitações e contratos, por exemplo).
10 - Fazia revisões do estudo nos moldes propostos por coachings (24h, 48h, 7 dias etc)? Com qual frequência?
R: Já tentei várias vezes, mas nunca consegui. O máximo que consegui foi pelo Ciclos (@ciclosr3), mas quando tem edital aberto não dou conta. Quando penso em revisão, são de pontos específicos e aí recorro aos podcast de informativos do Buscador Dizer o Direito (só ouço novamente quando li, porque não sou muito “auditiva”), aos meus quadrinhos de revisão do instagram (@quadrinhos_magicos), aos meus cadernos da ESMAFE e aos meus resumos, a depender do assunto.
11 - Com qual frequência fazia exercícios para prova objetiva?
R: Todos os dias têm exercícios no meu cronograma. Quando estou muito apertada, com prova subjetiva, aí não faço. Mas se tem alguma prova objetiva marcada, tento fazer diariamente exercícios, nem que seja pouco. Aliás, não tinha muito esse hábito. Adquiri com Leopoldo, quando ele ainda nem tinha esse Ig (era professor do CPIURIS) e nunca mais abandonei! Muitoooo agradecida por isso, Leopoldo, porque acho ajudou bastante.
Também baixei o app do Qconcurso no celular para facilitar.
12 - Com qual frequência lia “lei seca”?
R: Lia lei seca conforme estudava o assunto na doutrina até conhecer Leopoldo (também, rs) e suas planilhas de estudo, até que incorporei elas para mim e hoje eu mesma elaboro conforme as provas por vir. Agora, leio sempre. Se tem prova objetiva marcada, dou ainda mais atenção e a leitura passa a ser diária. Tem leis, como por exemplo a Lei de Mandado de Segurança, que já devo ter lido mais de 10x (sem exagero) e ainda consegui errar uma questão dela no TJBA. Daí vocês tiram a importância que essa leitura tem para os estudos de prova objetiva.
13 - Com qual frequência lia jurisprudência? Lia diretamente dos sites dos Tribunais Superiores ou através de outros sites (como dizer o direito ou EBEJI)?
R: Sempre gostei muito de estudar jurisprudência, talvez pela facilidade proporcionada pelo combo site do STJ + Dizer o Direito. Assim, tenho destinado um dia na semana para informativos, mas passa disso com frequência.
Se tem prova marcada, o Vade Mecum de Jurisprudência do DOD é lido e relido. Já tinha lido uma edição do ano passado. Esse ano, comprei uma nova edição e reli, deixando grifada, para reler posteriormente como revisão.
Em março/2015, comecei a ler pelo DOD e fazer meus próprios resumos de jurisprudência, conforme minhas necessidades (relia pelos sites do STF e STJ, ementava os enunciados para ler mais rápido, copiava artigo de lei, conceito, enfim, o que me ajudasse a entender o assunto e o que eu achasse que seria útil em revisão de prova subjetiva e oral – uma “imitação” personalizada dos informativos do DOD que fazia para atender minhas necessidades). Fiz isso até 2017 e em 2018 mudei o formato, mas confesso que preferia o anterior. Agora em 2019 estou retomando aos poucos, porque o ideal é você ir fazendo conforme os informativos vão saindo, para não avolumar e ficar uma tarefa árdua. Se faz aos pouquinhos, o trabalho não é tão grande e o material fica excelente para sua revisão!
Também descobri que o site do STJ é uma mão na roda para jurisprudência também. Seus informativos são bem didáticos e há algumas seções bem interessantes como a “Jurisprudência em Teses”, por exemplo.
Outra coisa que me ajudou bastante foi acompanhar as teses de repercussão geral divulgadas no site do STF.
Ahhh, também sou a louca das tabelas, aí faço minhas tabelas de súmula, de enunciados do CJF, de teses de repercussão geral, e por aí vai.
14 - Indicaria algum curso online com foco em magistratura/carreiras jurídicas? Indicaria algum curso de oratória para a fase oral?
R: O único curso online que fiz e para mim valeu cada centavo pago foi o preparatório para magistratura federal da ESMAFE. Fiz esse curso durante o ano de 2015 e assisti a todas as aulas, sem exceção (de março a dezembro). Claro que tinham bons e maus professores, mas no geral, o curso me deu uma excelente base. Assistia as aulas, copiava nos meus cadernos, lia a doutrina relativa ao tema, acrescentava o que julgava necessário nos resumos e fazia meus quadrinhos. Por isso digo que meus cadernos valem ouro. Mas isso é uma análise extremamente subjetiva e tenho certeza que há outros excelentes cursos online disponíveis no mercado. Na verdade, quem faz o curso valer a pena somos nós mesmos, ao retirar dele tudo o que ele pode oferecer. Não adianta pagar um curso caro se você não assiste às aulas, ou se assiste em outra dimensão.
Curso de oratória para a fase oral não fiz. Fiz uma “preparação” em cinco sessões com a fonoaudióloga Dra. Izabel Guedes, em Brasília, que ela mesmo ressalta não ser “oratória”. Recomendo demais, pois me ajudou bastante, principalmente no quesito “autoconfiança” e clareza na oralidade.
15 - Indica algum método diferenciado de estudos para alguma das fases (objetiva/discursiva/sentenças/oral)?
R: Não sei se é diferenciado, mas o que eu indicaria que, para mim, funcionou bastante é tenha um cronograma, um planejamento, para qualquer fase. Outra coisa fundamental é o treino.
Para a objetiva indico o qconcurso (site de exercícios que tem um filtro excelente de questões) e vade mecum na veia. Muitos exercícios por dia e muita lei seca (uma tabela ajuda na organização do que ler, para que não passe batido nenhuma lei importante para a sua prova). Uso o mesmo vade (de 2016) e atualizo com post it ou impressões avulsas, porque, em geral, lembro até da cor do grifo quando bato o olho. A Constituição Federal, o Código Penal e o Código Tributário fiz manualmente, baixando no site do planalto. Editei com cores e caixa alta, além de algumas observações, imprimi e releio. Hoje, já estão parecendo uma colcha de retalhos, porque, na medida em que leio, vou atualizando à mão, com post it ou impressão grampeada. Recentemente, peguei um vade de 2018 para ler algumas leis novas que nunca tinha dado muita atenção e eram constantemente alteradas, como o ECA, e agora meu combo lei seca é: vade 2016 + vade 2018 + códigos pessoais impressos.
Organizar meus cronogramas por semana, embora perca um tempinho nessa organização, me ajuda também bastante porque tenho noção do “micro”, do que precisa ser feito a curtíssimo prazo.
Para subjetiva, muitooooo treino também! Me ajudou muito o Justutor (site que permite exercícios gratuitos – discursivas e sentenças, do prof. Alexandre Henry e tem questões de provas já aplicadas disponíveis). Não espere passar na objetiva para começar a treinar para a subjetiva. Não dá tempo, de verdade. Assine um curso constante, para que o treino seja completo e você possa, rotineiramente, fazer todo tipo de exercício. Para o dia a dia, usei e recomendo o @emagis que têm planos voltados para o cargo pretendido. Tem objetivas, discursivas e sentenças semanais. Não contava muito com a correção, porque não acho tão boa e às vezes nem conseguia entregar todos os exercícios, mas a leitura semanal das atas de respostas ampliou consideravelmente o espectro de temas que eu conhecia e poderiam ser abordados. Chegou a um ponto que eu nem sabia a matéria, mas já tinha lido uma ata sobre ela, então tinha um conhecimento, ainda que mínimo, do assunto.
Para a prova oral, procurem formar um grupo presencial com aprovados. Fiz isso com amigos daqui de Natal, treinamos por quase cinco meses de preparação, praticamente todos os sábados, e o resultado foi espetacular: todos nós passamos. Se não for possível, recorra ao Skype (com amigos concurseiros que sempre temos e estão dispostos a nos ajudar), ao espelho, até mesmo algum parente, mesmo que ele não saiba “direito”.
No meu caso, como tinha pouco tempo, depois de ler e grifar o livro “Roteiros de Prova oral – Magistratura Estadual”, da Juspodivm, pedi que Meline (minha filha, hoje com 17 anos) me fizesse perguntas diariamente (no caminho da escola, principalmente, para ganhar tempo). Não me preocupava muito com o conteúdo, se estava certo ou errado. No feedback, pedia que ela me falasse sobre minha segurança na resposta, se tinha falado bem ou gaguejado, e que relesse as palavras-chaves grifadas. Às vezes ela dizia: “Não, mãe! Começa de novo essa resposta porque está horrível...” hahahaha Eu ria e recomeçava.
Com isso, o carro se tornava, mais uma vez, lugar de revisão...
16 - Estudava a banca/examinadores responsável pela elaboração das provas da segunda fase em diante?
R: Sim, estudava e acho imprescindível. Diante do pouco tempo entre a objetiva e a subjetiva, conhecer o posicionamento dos examinadores e suas preferências temáticas são de fundamental importância para uma prova mais “tranquila”. Nenhuma prova para mim é tranquila. Mas, como o assunto é imenso e o tempo é pouco, esse direcionamento de estudo pode fazer diferença, principalmente por trazer um pouco de conforto psicológico.
17 - Se o tribunal é responsável pela elaboração das sentenças e tem um posicionamento diverso do pacificado nos Tribunais Superiores, adotaria qual posicionamento?
R: Se eu conhecer o posicionamento do Tribunal, e o pacificado nos Tribunais Superiores não tiver eficácia vinculante (tipo uma súmula vinculante, repercussão geral ou repetitivo), faço o registro do posicionamento dos Tribunais Superiores, mas sigo o do Tribunal. Se o entendimento tiver sido fixado em precedentes com eficácia vinculante, faço o inverso: registro o entendimento do tribunal local, mas sigo os Tribunais Superiores.
Recado para aqueles que ainda estão em busca da aprovação:
R: Em primeiro lugar, penso que quando Deus põe a Mão, quando Ele destina algo para você, ninguém no mundo tira. Eu tenho consciência de que estou exatamente onde Ele quer que eu esteja, a hora da posse e o local para onde irei pertecem a Ele, minha parte sigo fazendo. Não me alongarei na saga que esse concurso do TJCE foi para mim, desde a primeira fase, que quase não fui fazer, mas tenho absoluta certeza que foi Deus, sempre Ele, que me guiou.
Tenha foco e determinação. Escolha o que você busca para sua vida e corra atrás, incansavelmente, até conseguir. A persistência e a resiliência são qualidades importantíssimas para a aprovação, porque ela pode demorar para acontecer, mas ela vai chegar.
Tenha equilíbrio e flexibilidade nos seu dia a dia. Como, em geral, o processo é lento, não podemos descuidar das outras esferas da vida. Temos família, amigos, trabalho e outras atividades para dar conta. E quando estiver em qualquer outra atividade, que não seja estudando, esteja nela integralmente, de alma e coração.
Lembre-se, sempre, que a vontade e a fé fazem milagres e uma caminha ao lado da outra. Qualquer que seja sua fé, busque nela a coragem para persistir e a força para concretizar essa vontade. O tempo passa de qualquer modo. A diferença é que, mesmo lenta a caminhada, o fato de saber que estamos, paulatinamente, trabalhando em um projeto grande e custoso, nos dá força para continuar e esperar a hora. Mesmo chateada e frustrada, nem por um dia pensei em desistir. Não consigo sequer imaginar viver sabendo que desisti por fraqueza (ficaria uma pessoa insuportavelmente ranzinza rs).
Se aproxime de quem acrescenta e lhe traga boas energias. Na mesma medida, tente se afastar de quem não agrega. O pessimismo muitas vezes atrapalha. Não seja um sonhador, mas use o otimismo a seu favor, sempre tentando ver o lado bom da coisa. Parafraseando Theodor Roosvelt (que nem sei se é dele mesmo rs): “keep your eyes on the stars, but your feet on the ground” - mantenha seus olhos nas estrelas, mas seus pés no chão.
Ouça o seu coração também. Se a sua obstinação vem dele, muitas vezes ele nos direciona e aponta o melhor caminho. No fundo, sabemos o que fazer. Só falta coragem para colocar em prática, porque a renúncia e a negação a outrem são árduas e difíceis, mas são necessárias.
A linha de chegada dessa maratona é na posse do cargo que você tanto quer ocupar. Cada dia (ou quilômetro) é cansativo, mas o caminho será prazeroso se você souber conduzi-lo da melhor forma, com equilíbrio, obstinação, vontade, fé e amor. Ainda não cheguei ao final da minha, mas pela alegria imensurável que senti ao concluir um ciclo com a aprovação do TJCE, imagino a que terei no momento da posse e só essa expectativa já me basta para continuar.
Escolha sua estratégia, trilhe seu caminho, siga, persista e não se abata. O resultado chegará!
BIBLIOGRAFIA
Quais livros/autores ou cursos/cadernos indicaria para os estudos nas matérias abaixo (se possível, especificar o professor de cada matéria nos cadernos/cursos):
Direito Administrativo – José dos Santos Carvalho Filho (Manual de Direito Administrativo) e Marcelino Alexandrino/Vicente Paulo (Direito Administrativo Descomplicado) para a formação da base e a sinopse para concursos da Juspodivm de Ronny Charles L. de Torres e Fernando Baltar (recomendo demais para revisão).
Direito Ambiental – Frederico Amado (Direito Ambiental) para a formação da base. Depois, acredito que somente a lei seca e resumos pontuais para revisão resolvem.
Direito Civil – Manual de Direito Civil (Flávio Tartuce) e o Manual de Direito Civil da Juspodivum, de Marcelo de Jesus, Maria Izabel Melo e Sebastião de Assis Neto.
Direito Constitucional – Pedro Lenza (Direito Constitucional Esquematizado), Curso de Direito Constitucional de Bernardo Gonçalves (ótimo para a discursiva) e as sinopses para concursos da Juspodivm de Juliano Taveira e Olavo Augusto.
Direito do Consumidor – Leis especiais para concursos - Direito do Consumidor, de Leonardo Garcia. Isso já resolve, junto com a letra do CDC e muita jurisprudência.
Direito do Eleitoral – sinopse para concursos da Juspodivm de Jaime Barreiros e muita lei seca.
Direito Empresarial – André Luiz Santa Cruz (Editora Método)
Direito da Criança e do Adolescente – Leis Especiais para Concursos, da Juspodivm, de Guilherme Freire de Melo Barros
Direito Penal – Parte Geral – Cleber Masson (volume 1) e sinopse para concursos da Juspodivm de Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim (recomendo demais para revisão).
Direito Penal – Parte Especial do Código Penal – Cleber Masson (volumes 2 e 3) e sinopse para concursos da Juspodivm de Marcelo André de Azevedo e Alexandre Salim (recomendo demais para revisão).
Direito Penal – Legislação extravagante - Legislação Criminal para Concursos (LECRIM), da Juspodivm, de Fábio Roque Araújo, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar
Direito Processual Civil - Manual de Direito Processual Civil (Daniel Assumpção Neves) e Processo Civil da coleção Concursos Públicos, da Juspodivm, de Maurício Cunha e Luciano Rossato.
Direito Processual Penal – Manual de Direito Processual Penal (Renato Brasileiro) e as sinopses para concursos da Juspodivm de Leonardo Barreto Moreira Alves (recomendo demais para revisão).
Direito Tributário – Curso de Direito Tributário (Leandro Paulsen) e Direito Tributário de Ricardo Alexandre
Humanística – Noções Gerais de Direito e Formação Humanística, da Juspodivm, de João Paulo Lordelo.
Sentença Cível – Sentença Cível - Estrutura e Técnicas de Elaboração, de Raimundo Silvino, da Editora Método.
Sentença Penal – Sentença Penal, de José Paulo Baltazar Junior, da editora Verbo Jurídico.
Qualquer livro/curso que indique para o concurso que não se encaixa nas matérias acima (ex: livro de discursiva da juspodivm que tem várias matérias, vade-mécum de jurisprudência etc) - Vade Mecum de Jurisprudência - Dizer o Direito, da Juspodivm; Súmulas do STF e STJ Anotadas e Organizadas por Assuntos, de Márcio Cavalcanti, e Súmulas Criminais do STF e STJ Comentadas, de Renato Brasileiro.