Histórias de sucesso #93: Rodrigo Santos Valle - Aprovado no concurso de Juiz Substituto do TJCE

01 - Concurso(s) para magistratura qual(is) foi aprovado:

R: TJCE.

 

02 - Outros concursos em que foi aprovado:

R: Defensoria Pública do Estado do Amazonas. Além do TJCE e da DPE/AM, fui aprovado na primeira e segunda fases das Defensorias Públicas de São Paulo (aguardo a realização da prova oral) e do Rio Grande do Sul (reprovado na prova oral) e na primeira fase das Defensorias Públicas de Minas Gerais (aguardo a realização da segunda fase) e Pernambuco (não fiz a segunda fase).

 

03 - Período de estudos até a primeira aprovação em concursos de magistratura:

R: Foram dois anos entre meu primeiro dia de estudos para concursos públicos e a data da prova oral do TJCE. Anteriormente, minha formação havia sido direcionada à advocacia. Cursei a graduação de 2010 a 2014, estagiando em escritórios de advocacia durante praticamente todo o curso. Depois, fundei um escritório próprio junto a um sócio e advoguei em período integral até julho de 2017, sem ter realizado ou estudado para concursos. Foi quando iniciei os estudos e, curiosamente, a prova objetiva do TJCE ocorreu exatamente em 1º de julho de 2018 (ao completar um ano) e a prova oral ocorreu na primeira semana de julho de 2019 (ao completar dois anos).

 

04 - Trabalhou durante os estudos? Cargo?

R: Advogado, com escritório próprio.

 

05 - Tempo médio de estudos diário (horas líquidas):

R: Houve uma grande variação, não sendo possível apontar exatamente uma média diária. Cheguei a 10 ou 11 horas líquidas diárias em certo período, mas isso é um esforço que dura pouco tempo. Fato é que meu tempo diário de estudo foi reduzindo gradativamente com a natural exaustão... Eu tenho marcado o total pelo app “Aprovado”: 2238h34min em dois anos.

 

06 - Quantas matérias diferentes lia por dia? E em uma semana?

R: Duas por dia, mas, normalmente, eu fico em apenas duas ou três matérias por semana. Ou seja, utilizo uma semana inteira para avançar bem em duas ou três matérias e, na semana seguinte, parto para outras duas/três. E assim por diante, até percorrer todas as matérias do edital.

 

07 - Estudava sábados/domingos/feriados?

R: Sim. Normalmente, de manhã e de tarde, reduzindo a somente um dos turnos nos períodos de cansaço excessivo.

 

08 – Utiliza grupos de facebook/whatsapp para estudar? Acredita que valha a pena?

R: Costumo entrar nos grupos de whatsapp, mas apenas para obter de forma mais célere as notícias sobre os concursos (agendamento de cada etapa e previsões em geral). Fora isso, só geram desatenção e ansiedade. Especificamente para estudos, recomendo apenas em época de prova oral, com a formação de grupo entre as pessoas da mesma cidade, para agendamento de treinos.

 

09 - Fazia resumos/cadernos ou utilizava algum feito por outras pessoas?

R: Como anotações próprias, eu costumo criar cadernos com erros cometidos em questões objetivas (e com o aprofundamento de cada item), revisando-os na proximidade de provas objetivas.

 

10 - Fazia revisões do estudo nos moldes propostos por coachings (24h, 48h, 7 dias etc)? Com qual frequência?

R: Nunca tive qualquer forma metódica de revisão, apenas os mencionados “cadernos de erros” na proximidade de provas objetivas. Isso porque os diversos materiais de estudo acabam repetindo os temas, então a revisão é uma consequência natural. Em geral, eu só volto em alguns assuntos com propósito específico de revisar quando percebo que já não lembro de quase nada.

 

11 - Com qual frequência fazia exercícios para prova objetiva?

R: Eu costumo utilizar bastante das questões comentadas (seja no QC, seja em rodadas de cursinhos de 1ª fase para provas específicas). Como as questões estão sempre misturando lei seca, jurisprudência e doutrina, vejo isso como um estudo completo e que serve para todas as fases (especialmente os materiais de cursinhos que elaboram comentários aprofundados de cada item, como o Curso CEI).

 

12 - Com qual frequência lia “lei seca”?

R: Após uma leitura inicial bem geral de lei seca (dos Códigos e das leis principais), voltei a fazer leitura “seca” em poucos momentos. Acredito que as questões objetivas (de concursos anteriores e de rodadas de cursinhos) já trazem muito das leis, então eu limito o estudo “seco” àquelas leis que surgem nos editais e nunca vimos na vida.

 

13 - Com qual frequência lia jurisprudência? Lia diretamente dos sites dos Tribunais Superiores ou através de outros sites (como dizer o direito ou EBEJI)?

R: Sempre acompanhei o Dizer o Direito, em todas as fases do estudo.

 

14 - Indicaria algum curso online com foco em magistratura/carreiras jurídicas?  Indicaria algum curso de oratória para a fase oral?

R: Para um estudo geral e contínuo, gosto muito de videoaulas (G7 e CP Iuris) e dos materiais do Ciclos R3. Para intensivo de primeira fase, rodadas de questões comentadas do Curso CEI. Para segunda fase, tive um curso excelente e bastante personalizado com o Leopoldo (Magistratura Estadual em Foco) para o TJCE e recomendo, também, sentenças com o JusTutor, além de Humanística com o Rosângelo do MEGE. Para prova oral, Aejur (fiz o presencial em Brasília).

 

15 - Indica algum método diferenciado de estudos para alguma das fases (objetiva/discursiva/sentenças/oral)?

R: Ao longo desse período, meu estudo foi uma mistura de todo o mencionado acima. Acabei passando a maior parte do tempo tentando conciliar estudos diversos (concomitantemente, fases diferentes de Defensoria e Magistratura) e confesso que ainda não encontrei uma sistemática ideal para a rotina (o que prova que nunca nos sentimos prontos quando a aprovação chega e que não é necessário ter uma rotina perfeita). Como ainda não declarei encerrada minha carreira nos concursos, seguirei buscando o aprimoramento e, se obtiver uma nova aprovação, comprometo-me a voltar ao Instagram do Leopoldo para relatar os novos passos.

 

16 - Estudava a banca/examinadores responsável pela elaboração das provas da segunda fase em diante?

R: Sim, acredito que se trata de um estudo importante, especialmente em “bancas próprias” (formadas pela própria instituição).

 

17 - Se o tribunal é responsável pela elaboração das sentenças e tem um posicionamento diverso do pacificado nos Tribunais Superiores, adotaria qual posicionamento?

R: Isso é algo a tentar sentir no momento da prova, com as informações do enunciado. Se eu tivesse certeza de que o Tribunal do certame e, principalmente, o próprio examinador têm uma posição específica, eu a adotaria, mas fazendo menção ao entendimento dos tribunais superiores.

 

Recado para aqueles que ainda estão em busca da aprovação:

 

R: Diferentemente do que imaginava antes de iniciar os estudos, fui percebendo, cada vez mais, que a principal dificuldade dos concursos de carreira é psicológica. É preciso saber lidar emocionalmente com muitos fatores diversos, entre choques de datas dos concursos (muitas vezes, entre fases já avançadas), adiamentos de última hora, suspensões judiciais do certame, anulações de prova, posicionamentos controversos da Banca Examinadora, longas esperas por resultados... Quanto ao conteúdo jurídico, vai-se adquirindo “bagagem”, seja em menor ou maior período, conforme a disponibilidade e as experiências de cada um; por outro lado, psicologicamente, é preciso saber ter muita paciência e resistir a tudo isso enquanto a vida lá fora vai passando e, infelizmente, não te espera. Penso que não se deve abandonar todos os outros projetos de vida, como um terrorismo anunciado por várias pessoas, mas é necessário traçar e obedecer a um percurso sério e bem definido. Nos transtornos desse percurso, é fundamental perceber que aprovações são formadas por detalhes e que resultados, bons ou ruins, não definem quem você é. Reprovei na prova oral da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul e, poucos meses depois, fui aprovado na prova oral da Magistratura do Estado do Ceará — entre esses meses, igualmente, passei e reprovei em provas objetivas diversas. Se houve uma reprovação, é preciso investigar o porquê — seja pouca experiência, estudo muito básico de algumas matérias ou falta de sorte naquele momento... — e trabalhar em cima disso. Sempre pode haver uma prova em que você irá pior que a anterior, mas só depende de você a chegada de uma prova com resultado melhor. Em algum momento, vai dar certo e você irá rir de suas reprovações mais trágicas, encontrando um sentido para tudo.

 

 

                                               BIBLIOGRAFIA

 

Quais livros/autores ou cursos/cadernos indicaria para os estudos nas matérias abaixo (se possível, especificar o professor de cada matéria nos cadernos/cursos):

De início, penso ser importante destacar que, atualmente, há acesso facilitado, pelos mais diversos cursinhos (seja em videoaulas, seja em apostilas e variados cursos com apostas de questões objetivas, discursivas e orais), a materiais compilados que podem reduzir imensamente o tempo de preparação. Portanto, não sou partidário da ideia de que o concurseiro precisa ler doutrinas “capa a capa” e ter dezenas de livros sublinhados do início ao fim para ser aprovado. Por isso, minhas indicações neste tópico ficam restritas àquilo que eu considero que mais me fez evoluir em cada matéria, ressaltando que a consulta a doutrinas é pontual, para aprofundamentos específicos.

Direito Administrativo – Como tenho dificuldade para compreensão da lei seca em Administrativo, acho interessantes livros de legislação comentada (como o “Legislação Administrativa” da JusPodivm – Jorge Munhós e Carolina Fidalgo) ou apostilas com esse estilo. Mas é uma das principais matérias nas quais ainda busco aprimoramento do estudo.

Direito Ambiental – Nos concursos que fiz até aqui, Direito Ambiental acabou não exigindo mais do que a lei seca e a parte jurisprudencial de responsabilidade por danos ambientais. Mas, para consultas pontuais, indico o livro do Frederico Amado.

Direito Civil – Aqui, acredito que o principal seja conhecer bem o Código Civil e acompanhar constantemente a jurisprudência do STJ. Além disso, ir ampliando o conhecimento para leis esparsas, como as relacionadas a Direito Urbanístico.

Direito Constitucional – O que mais me faz compreender Direito Constitucional é acompanhar a jurisprudência do STF, pelos comentários completos do Dizer o Direito e, em temas mais relevantes, consultando o inteiro teor de alguns votos dos Ministros.

Direito do Consumidor – Aqui, indico lei seca (CDC) e acompanhamento constante da jurisprudência do STJ (que varia bastante em alguns temas e cujas especificidades costumam cair nas provas).

Direito do Eleitoral – Tenho tentado evoluir nessa matéria. Comecei a perceber que os concursos estão passando a exigir um aprofundamento maior em Eleitoral (que antes não parecia fugir muito da lei seca), então tenho incluído aos poucos um estudo jurisprudencial do TSE e pretendo fazer consultas pontuais ao livro do José Jairo Gomes, que é bastante indicado por pessoas do ramo.

Direito Empresarial – Ainda sigo tentando encontrar uma forma de estudo à qual me adapte.

Direito da Criança e do Adolescente – Aqui, sugiro conhecer muito bem o ECA e a Lei do SINASE, bem como a jurisprudência do STJ, especialmente nas temáticas de Família Substituta e Atos Infracionais. O livro “Ponto a Ponto – Direitos da Criança e do Adolescente” (Frasseto, Zapata e Marcos Vinicius) é muito bom, mas ainda não foi lançada uma versão atualizada após as diversas alterações de 2017.

Direito Penal – Parte Geral – Videoaulas do Cléber Masson.

Direito Penal – Parte Especial do Código Penal – Aqui, o que mais me ajudou foi o estudo para sentenças penais, pois pude entender de forma mais “prática” (fiz isso mesmo antes de avançar para a segunda fase).

Direito Penal – Legislação extravagante – Videoaulas de “Legislação Penal Especial” do G7 Jurídico.

Direito Processual Civil – Esta é uma das únicas matérias que foi facilitada por minha prática profissional (advocacia). E, como somente agora é que estão surgindo discussões jurisprudenciais mais complexas sobre o CPC/2015, os últimos concursos acabaram não fugindo tanto da lei seca e de discussões doutrinárias pontuais. Mas vejo que a jurisprudência do STJ tem ganhado grande relevância, o que passa a ser um estudo essencial na matéria.

Direito Processual Penal – Em Processo Penal, meu estudo de peças criminais para Defensoria e de sentenças penais facilitou a compreensão. Além disso, nesses tempos de grandes operações penais, tenho sempre acompanhado discussões processuais em artigos jurídicos (por exemplo, publicações no ConJur), o que vai gradativamente elevando minha compreensão da matéria.

Direito Tributário – Videoaulas do Ricardo Alexandre.

Humanística – Cursos específicos de 2ª fase do Rosângelo do MEGE.

Sentença Cível – Cursos do JusTutor e do Leopoldo (Magistratura Estadual em Foco).

Sentença Penal – Cursos do JusTutor e do Leopoldo (Magistratura Estadual em Foco).

 

Qualquer livro/curso que indique para o concurso que não se encaixa nas matérias acima (ex: livro de discursiva da juspodivm que tem várias matérias, vade-mécum de jurisprudência etc) – Vade Mecum de Jurisprudência e livro de súmulas comentadas do Dizer o Direito.

Direitos Humanos (complementação da publicação, pois não cai em Magistratura Estadual): Curso do André de Carvalho Ramos e livro de Jurisprudência Internacional do Caio Paiva com o Thimotie Heemann (ambos para consulta/aprofundamento de temas específicos).

Execução Penal (também em complementação): Livro de Comentários do André Giamberardino.