Histórias de sucesso #75: GABRIELA MARTINS RODRIGUES – Aprovada no concurso 187 para Juiz Substituto do TJSP
Nome: Gabriela Martins Rodrigues
Data de nascimento: 29/04/1988
Naturalidade: Belo Horizonte/MG
01 - Concurso(s) para magistratura qual(is) foi aprovado:
R: apenas o Tribunal de Justiça de São Paulo
02 - Outros concursos em que foi aprovado:
R: Oficial Judiciário (TJMG).
03 - Período de estudos até a primeira aprovação em concursos de magistratura:
R: 2 anos, de estudos específico para magistratura. Antes (por 4 anos) eu estudava para concursos de Analista de tribunais estaduais, TRF e TRE, mas não obtive aprovação.
04 - Trabalhou durante os estudos? Cargo?
R: Sempre trabalhei durante toda a preparação como oficial Judiciário no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, com carga horária de 8 horas diárias.
05 - Tempo médio de estudos diário (horas líquidas):
R: De segunda a sexta-feira estudava no horário de almoço do trabalho (1 hora) e mais 3 horas e meia à noite. Em todo tempo livre que eu dispunha também estudava (por exemplo, dentro do transporte público, enquanto esperava em filas). Sempre andava com algum material para consulta em caso de algum tempo disponível ocioso. Mais próximo às datas das provas tirei férias do trabalho e, então, estudava o máximo possível.
06 - Quantas matérias diferentes lia por dia? E em uma semana?
R: Por dia, eu estabelecia a minha rotina por uma quantidade de páginas que leria, tendo em vista as datas da prova a que me submeteria. Lia duas matérias por dia e informativos de jurisprudência quando recebia por e-mail, quando estava trabalhando. No período de férias, lia de quatro a cinco matérias, conforme meu controle de páginas estabelecido em meu planejamento inicial de metas.
07 - Estudava sábados/domingos/feriados?
R: Sim. Sábados e feriados estudava de 8:00hs às 19:00hs, com um intervalo de uma hora para almoço. Nos Domingos estudava de 8:00hs às 14:00hs
08 - Utiliza grupos de facebook/whatsapp para estudar? Acredita que valha a pena?
R: Não usava. Me sentia pressionada por opiniões alheias sobre quantas página ou o que deveria estar ou não estudando. Gosto de perfis no Instagram de dicas matérias ou de perguntas de provas anteriores, como Magistratura Estadual em foco, Direito Direito Blog e similares. Mas, toda vez que eu me sentia desnecessariamente pressionada por perfis de cursinhos ou candidatos que pregam rotinas irreais de estudo (ou pelo menos impossíveis na minha realidade de trabalho/estudo/falta de dinheiro), eu deixava de seguir, pois acho importante preservar a sanidade nesse período que já é estressante por si só.
09 - Fazia resumos/cadernos ou utilizava algum feito por outras pessoas?
R: Nos primeiros 6 meses de preparação fiz um curso telepresencial da LFG e, neste período fazia resumos. Depois passei a estudar por livros e pelo material do “Cadernos Sistematizados”. Fazia pequenas obervações em fichas sobre mudanças de entendimento jurisprudencial ou entendimentos específicos da banca a que ia me submeter, com indicativo no material para consulta rápida.
10 - Fazia revisões do estudo nos moldes propostos por coachings (24h, 48h, 7 dias etc)? Com qual frequência?
R: Não. Eu tinha pouco tempo para estudar, então revisava em exercícios. Gostava de fazer a revisão do conteúdo estudado no dia repetindo em voz alta para mim mesma. Na fase de prova oral, eu comprei um quadro branco e ministrava aulas sobre o conteúdo para mim mesma ao final do estudo de cada tema, o que me ajudava muito na compreensão e articulação do raciocínio (parece doido, mas funcionava para mim).
11 - Com qual frequência fazia exercícios para prova objetiva?
R: De segunda a sexta-feira eu fazia 10 exercícios por dia, no total, das matérias que eu havia estudado. Nos finais de semana, resolvia 50 questões por dia.
12 - Com qual frequência lia “lei seca”?
R: Na preparação para a primeira etapa lia todos os dias. Fiz um curso no “O preparo Jurídico” que enviava diariamente a lei seca a ser lida. Durante as outras fases consultava a lei à medida que estudava o conteúdo em livros ou nos “Cadernos Sistematizados”, mas não separava um horário específico para a leitura de lei seca.
13 - Com qual frequência lia jurisprudência? Lia diretamente dos sites dos Tribunais Superiores ou através de outros sites (como dizer o direito ou EBEJI)?
R: Lia apenas com base no informativo do Dizer o direito. Lia toda semana, à medida que recebia os informativos por e-mail. Na preparação da prova oral, adquiri o Vade Mecum de Jurisprudência do Dizer o Direito e lia a jurisprudência do tema que havia estudado. Deveria ter feito isso antes, mas funcionou para mim apenas nessa fase da preparação.
14 - Indicaria algum curso online com foco em magistratura/carreiras jurídicas? Indicaria algum curso de oratória para a fase oral?
R: Primeiramente, eu acho que o candidato tem que definir o tipo de estudos que funciona para ele. Para mim, escutar e assistit aulas não é produtivo. Descobri que sou mais produtiva lendo sozinha. Isso é um exercício de autonomia muito grande, você precisa parar e pensar bem o que funciona ou não para você, para além do que as pessoas determinam como sendo o mais eficiente. Dito isso, recomendo o EMAGIS (que envia questões objetivas, subjetivas e de sentença), “O preparo Jurídico” (para a primeira fase), Ouse saber e CP iuris ( para a segunda fase) e Aprovandi, do Marcelo Lage (para a prova oral).
15 - Indica algum método diferenciado de estudos para alguma das fases (objetiva/discursiva/sentenças/oral)?
R: Indico que cada um pense no que funciona melhor para si. Teste seu rendimento pelos exercícios, verificando o que fez de mais eficiente. No meu caso, funcionou da seguinte forma:
FASE OBJETIVA: exercícios. Muitos exercícios. Todos os dias.
FASE DISCURSIVA: exercícios de questões discursivas e sentenças para adquirir a prática. Escolhido o material de estudo (livro ou apostila), eu dividia a quantidade de páginas que teria de ler por dia (somava o total de páginas e dividia pelos dias disponíveis, considerando encerrar a leitura uma semana antes da prova), assim tinha controle das minhas metas e tinha como me sentir com a consciência tranquila por ter estudado o que me propus.
PROVA ORAL: passei a estudar apenas com base nos “Cadernos Sistematizados”. Fazia bastante simulados com candidatos e pedi a meu namorado para gravar perguntas que eu respondia sozinha. Dava aulas para mim mesma e treinava a maneira de dizer. Essa etapa não é apenas conhecimento jurídico. Na verdade, ele te dá apenas a base para conseguir desenvolver o raciocínio. Vi muitos candidatos excelentes, com muito mais conhecimento e experiência que eu serem reprovados pelo nervosismo e por uma estratégia pouco eficiente de estudo e de respostas durante a arguição. Eu fiz uso de medicamentos homeopáticos, receitados por um médico, que me ajudaram a manter a calma na arguição. Acho que é uma ferramenta que me ajudou de modo bastante significativo.
16 - Estudava a banca/examinadores responsável pela elaboração das provas da segunda fase em diante?
R: Sim, baseado no material disponibilizado pelos cursinhos e isso fez muita diferença na preparação e na previsão das questões a serem perguntadas. Na fase oral esse conhecimento é absolutamente indispensável.
17 - Se o tribunal é responsável pela elaboração das sentenças e tem um posicionamento diverso do pacificado nos Tribunais Superiores, adotaria qual posicionamento?
R: o posicionamento do tribunal.
Recado para aqueles que ainda estão em busca da aprovação:
R: Estudar como forma de reescrever seu destino é uma tarefa árdua, solitária, ingrata e exaustiva. Mas, pela minha história de vida, era a única ferramenta de transformação da realidade que eu me insiro. Sou mulher negra de uma família em que não há qualquer tradição em direito, sequer de cursos superiores. O estudo era a minha esperança, minha ferramenta de construção de um novo destino e a isso que eu me apegava quando sentia que ia fraquejar.
Eu sempre olhei para a magistratura como um mundo ao qual eu não pertencia, que nunca me aceitaria, não me atrevendo sequer a sonhar em querer a ele pertencer. Entrei na faculdade com esse sonho e deixei que ele morresse pelas contingências da vida que me afastavam cada vez mais disso (emprego, falta de dinheiro e falta de representatividade negra neste seguimento). Uma noite lendo o livro “Na minha pele” do Lázaro Ramos, em um capítulo li a seguinte frase “Por isso digo aos meninos e meninas que têm a origem parecida com a minha: não existe vida com limite preestabelecido. O seu lugar é aquele em que você sonha estar.” Então eu me permiti sonhar novamente. Cortei gastos, abri mão de desejos e planos, pedi dinheiro emprestado, comprei três roupas para a prova oral e semana de exames psicotécnicos e me segurei no meu sonho: minha vida não teria limites, eu seria o sonho que não me permiti sonhar. Graças às cotas raciais eu passei na primeira etapa, mas em todas as demais eu provei o meu valor sem qualquer “ajuda” ou “favor (como muitos enxergam essa ação afirmativa).
Tive minha inscrição definitiva indeferida e recorri ao CNJ para ser incluída nas arguições. Não desisti. Não permiti que me colocassem limites. Por isso, não sei de onde você veio, nem que “nãos” a vida te deu e que hoje te sufocam ou pesam as costas: não desista, se é esse mesmo seu sonho. Cada lágrima, cada dor, cada dívida só me mostraram o peso da missão que se abre diante de mim. Vale a pena o esforço, vale a pena a luta. A batalha é parte importante da trajetória: aprecie e valorize isso. Celebre e agradeça as pequenas vitórias: a meta batida, o conceito apreendido. Não se perca nesse caminho e nem se esqueça dos que caminham com você. A vitória só vale a pena se temos com quem partilhar e se ela tem a nossa cara, o nosso jeito, a nossa história. Tenha calma, tenha fé e confie em seu valor: as coisas têm seu tempo e o seu momento vai chegar.
BIBLIOGRAFIA
Quais livros/autores ou cursos/cadernos indicaria para os estudos nas matérias abaixo (se possível, especificar o professor de cada matéria nos cadernos/cursos):
Direito Administrativo – Manual de Direito Administrativo – Alexandre Mazza e Material do “Cadernos sistematizados”
Direito Ambiental – Material do “Cadernos sistematizados”
Direito Civil – Curso Didático de Direito Civil – Elpídio Donizetti e Felipe Quintella e Material do “Cadernos sistematizados”
Direito Constitucional – Material do “Cadernos sistematizados”
Direito do Consumidor – Material do “Cadernos sistematizados”
Direito do Eleitoral – Material do “Cadernos sistematizados”
Direito Empresarial – Direito Empresarial Esquematizado – André Luiz Santa Cruz Ramos e Material do “Cadernos sistematizados”
Direito da Criança e do Adolescente – Material do “Cadernos sistematizados”
Direito Penal – Parte Geral – Curso de Direito Penal – Rogério Grecco e Material do “Cadernos sistematizados”
Direito Penal – Parte Especial do Código Penal – Direito Penal Parte Especial Esquematizado – Victor Eduardo Rios Gonçalves e Material do “Cadernos
sistematizados”
Direito Penal – Legislação extravagante - Direito Penal Legislação Especial Esquematizado – Victor Eduardo Rios Gonçalves e Material do “Cadernos sistematizados”
Direito Processual Civil – Direito Processual Civil Esquematizado – Marcus Vinícius Rios Gonçalves
Direito Processual Penal – Direito Processual Civil Esquematizado – Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves
Direito Tributário – Direito Tributário Esquematizado – Ricardo Alexandre e Material do “Cadernos sistematizados”
Humanística – Li o material repassado pelos cursinhos de segunda etapa e livro de sociologia e filosofia do direito de Alysson Mascaro (mas isso se deve ao perfil da banca a que iria me submeter)
Sentença Cível – Sentença Cível Teoria e Prática – Nagibe de Melo Jorge Neto
Sentença Penal – Sentença Penal Condenatória Teoria e Prática – Ricardo Augusto Scmitt
Qualquer livro/curso que indique para o concurso que não se encaixa nas matérias acima (ex: livro de discursiva da juspodivm que tem várias matérias, vade-mécum de jurisprudência etc) - Li também o “Super Revisão para concursos jurídicos – Doutrina Completa” da Editora FOCO